Festival de Quadrílhas juninas de Belém - Foto:Cristino Martins-Ag.Pará |
O colonizador europeu pisou forte quando chegou à Amazônia. Impôs sua cultura, querendo reproduzi-la tal e qual em seus países de origem. Mas o povo que se formou na região reinventou as influências européias, edificando o próprio imaginário. É desta maneira que surge a quadrilha junina, representação de origem inglesa (séculos XIII e XIV), mas elevada à condição de dança nobre pelos franceses, exclusiva para o rei Luís XV e sua esposa. No Brasil, ela foi absorvida pelo povo e transformada. É o momento em que, ao redor da fogueira, se canta sobre os costumes deixados pela sabedoria do povo, mantidos pela memória dos mais velhos.
O sentido da quadrilha junina hoje está mais ligado às coisas do amor e as relações de amizade. Na Europa, por exemplo, a fogueira é utilizada para afastar forças malignas e garantir boa colheita. No Pará firma amizades, compadrios, ilumina novos amores. A tudo isso, os brasileiros adicionaram fogos de artifícios, dançarás, bebidas forte e muita, muita comida.
A quadrilha é uma dança de conquista.
O que deve explicar porque pesquisas feitas pela Universidade Federal do Pará (UFPA) encontraram nas quadrilhas, namorados, maridos, esposas, filhos. Junho transforma-se no mês do namoro. É prevendo o futuro romance que as mulheres, para saber a letra do primeiro nome do marido, fincam uma faca virgem no tronco da bananeira durante a noite de São João. Dia seguinte, a faca é retirada com a letra reveladora na lâmina.
Hoje, as quadrilhas são tão importantes para a cultura que a Prefeitura de Belém organiza um festival anual muito concorrido, um dos eventos mais esperados da cidade. Não é exagero: na capital paraense, existem cerca de 120 quadrilhas organizadas.
Participam do concurso em torno de 160 grupos entre adultos e crianças da Grande Belém e interior do estado, disputando premiações em dinheiro. A competição vai até o dia 28 de junho de cada ano
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Os prêmios são para as dez melhores quadrilhas adultas e as cinco melhores quadrilhas mirins, além de outros prêmios para as categorias de Miss Caipira, Miss Simpatia, Missa Mulata, Miss Mix, onde também concorrem homossexuais e transexuais, bem como melhor figurinista, marcador e coreógrafo.
Durante a programação, o Centur recebe ainda uma feira gastronômica, além da apresentação de grupos musicais. Há também, produtos confeccionados em oficinas do Curro Velho que estarão à venda e o público também poderá conferir uma exposição de obras inspiradas na temática junina.