O turismo internacional no Brasil registrou um marco histórico ao gerar uma receita de US$ 2,4 bilhões em um período recente, ultrapassando pela primeira vez as exportações de commodities tradicionais como o algodão e a carne de aves. Essa conquista não apenas destaca o potencial do setor turístico como motor econômico, mas também evidencia uma mudança significativa na estrutura da balança comercial brasileira. Em um país amplamente reconhecido por suas exportações agrícolas e minerais, o fato de o turismo superar setores tão consolidados reflete uma revalorização dos ativos culturais, ambientais e de hospitalidade do Brasil no cenário global.
O desempenho recorde foi impulsionado por diversos fatores estratégicos e conjunturais. A desvalorização cambial tornou o Brasil mais atrativo para estrangeiros, ao mesmo tempo em que investimentos em infraestrutura turística, marketing internacional e facilitação de vistos contribuíram para o aumento no número de visitantes. Destinos como Rio de Janeiro, Salvador, Foz do Iguaçu e a região amazônica continuam sendo grandes atrativos, mas há também um crescimento relevante no turismo de natureza e de experiência em regiões menos tradicionais, como o Jalapão e a Chapada Diamantina. A diversidade cultural, a gastronomia, a música e o acolhimento do povo brasileiro continuam sendo diferenciais que favorecem a escolha do país como destino turístico internacional.
Comparativamente, os números são expressivos: enquanto o setor de turismo internacional gerou US$ 2,4 bilhões, as exportações de algodão somaram cerca de US$ 2 bilhões, e as de carne de aves, tradicionalmente uma das maiores do agronegócio brasileiro, ficaram ligeiramente abaixo. Isso não significa um declínio nesses setores, mas sim uma elevação notável do turismo como setor exportador de serviços. Ao atrair recursos estrangeiros que são gastos em hotéis, alimentação, transporte, passeios e produtos culturais, o turismo se consolida como uma importante fonte de divisas e contribui diretamente para o equilíbrio da balança de pagamentos do país.
Além do impacto econômico direto, o crescimento do turismo internacional traz consigo benefícios transversais que impactam o desenvolvimento regional e a geração de empregos. Muitas das regiões turísticas brasileiras não são polos industriais ou agrícolas, o que significa que o turismo representa, para essas localidades, uma das principais — senão a única — forma de inserção econômica global. A profissionalização do setor, o fortalecimento de micro e pequenos negócios e a ampliação da infraestrutura urbana são resultados diretos do aumento no fluxo turístico. Quando bem planejado, o turismo é capaz de preservar culturas locais, valorizar o meio ambiente e promover inclusão social.
Diante desse novo cenário, é fundamental que políticas públicas e investimentos privados continuem a apoiar o crescimento sustentável do setor. O recorde de receita não deve ser encarado como um ponto isolado, mas como parte de um processo de reconhecimento do turismo como um vetor estratégico de desenvolvimento nacional. Superar exportações agrícolas em valor agregado representa mais do que uma conquista pontual: mostra que o Brasil pode ser tão competitivo em serviços quanto em produtos primários. Cabe agora consolidar essa tendência com ações coordenadas que garantam qualidade, segurança, promoção internacional e preservação dos recursos naturais e culturais que fazem do país um destino único no mundo.