Os Trens no Brasil voltaram a ocupar um lugar de destaque no debate sobre mobilidade, turismo e integração entre estados. Nos últimos anos, projetos estratégicos vêm fortalecendo um setor que, por décadas, permaneceu quase esquecido na malha nacional. Agora, iniciativas robustas — tanto do governo quanto de concessionárias — reacendem o interesse por deslocamentos mais sustentáveis, culturais e acessíveis para a população.

O anúncio de que o trem de passageiros da Estrada de Ferro Carajás passará a circular diariamente a partir de 2027 marca um novo capítulo dessa retomada. Considerado o trajeto ferroviário mais extenso da América do Sul, ele liga o Maranhão ao Pará em quase mil quilômetros, cortando territórios de enorme riqueza social, histórica e ambiental. Ao mesmo tempo, o tradicional trem Vitória-Minas, da Vale, também se prepara para ampliar sua oferta com um novo horário noturno.

E, em paralelo, o Nordeste brasileiro começa a desenhar sua primeira malha integrada de trens de passageiros desde o século passado, conectando capitais vizinhas e abrindo caminho para um futuro ferroviário mais ágil e turístico.

Este artigo apresenta um panorama completo dessas novidades, contextualizando impactos para viajantes, comunidades locais e para o próprio setor de turismo nacional — um tema que desperta curiosidade crescente entre os apaixonados por Trens no Brasil.

Expansão histórica na Estrada de Ferro Carajás

Um dos trajetos ferroviários mais longos da América do Sul

A Estrada de Ferro Carajás (EFC), administrada pela Vale, é responsável por um dos serviços ferroviários mais emblemáticos do país. Seus quase mil quilômetros entre São Luís (MA) e Parauapebas (PA) representam, hoje, o maior percurso de trem de passageiros em funcionamento na América do Sul.

Atualmente, o trem parte da capital maranhense às segundas, quintas e sábados, sempre às 8h. No sentido oposto, deixa o Pará rumo ao Maranhão às terças, sextas e domingos, no mesmo horário. Mas esse modelo não será mais o mesmo por muito tempo: como parte de um contrato de antecipação de concessão assinado em 2020 entre a Vale e o Governo Federal, o serviço se tornará diário a partir de 2027 — um marco importante na ampliação dos Trens no Brasil.

Conforto, preços e público transportado

Em 2024, mais de 423 mil passageiros utilizaram o trem entre os dois estados, sinalizando a relevância desse modal em regiões onde as alternativas rodoviárias são longas e, muitas vezes, menos confortáveis.

O trecho completo custa:

• R$ 170 – classe executiva

• R$ 90 – classe econômica

A viagem, com média de 16 horas, percorre 27 municípios entre Maranhão e Pará. Os vagões possuem ar-condicionado, banheiros equipados e um vagão-restaurante que se tornou conhecido pelos pratos simples, mas muito elogiados pelos viajantes.

A política de bagagens também é generosa: cada pessoa pode embarcar com uma mala de até 35 kg, além de uma bolsa pequena — cortesia especialmente importante para moradores que usam o trem como transporte cotidiano.

Trem Vitória-Minas ganha novo horário e reforça tradição ferroviária

O único trem diário do Brasil

O trem de passageiros Vitória-Minas é o mais tradicional serviço ferroviário regular do país. Com 664 km de extensão entre Belo Horizonte (MG) e Cariacica (ES), ele detém o segundo maior percurso ferroviário ativo no continente sul-americano.

Todos os dias, um trem deixa Belo Horizonte às 8h e outro parte de Cariacica no mesmo horário. A viagem tem cerca de 13 horas de duração e cruza paisagens marcadas por montanhas, zonas rurais e rios que contornam parte da rota da Estrada de Ferro Vitória-Minas.

Novo trem noturno a partir de 2026

A grande novidade é que, em janeiro de 2026, a Vale lançará um segundo horário diário, com circulação noturna — um pedido antigo de moradores, turistas e trabalhadores que dependem da linha. Esse novo serviço também funcionará durante o período de férias de julho, quando há aumento significativo na demanda.

Os bilhetes terão os seguintes valores:

• R$ 116 na classe executiva

• R$ 81 na econômica

O passageiro poderá levar uma mala de até 32 kg gratuitamente, além de uma bolsa de mão.

Essa ampliação faz parte do novo contrato de concessão firmado entre a Vale e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), reforçando a presença estratégica dos Trens no Brasil como alternativa de mobilidade.

Nordeste estuda primeira ligação ferroviária moderna entre capitais

Um projeto que pode transformar o turismo regional

Outro movimento relevante no avanço dos Trens no Brasil está acontecendo no Nordeste. A Infra S.A., estatal vinculada ao Ministério dos Transportes, conduz estudos para criar uma rede de trens de passageiros entre capitais nordestinas — algo inédito na era contemporânea do país.

O primeiro trecho analisado conecta Recife (PE) a João Pessoa (PB), numa rota de aproximadamente 110 km. A escolha desse percurso não é aleatória: trata-se das duas capitais mais próximas da região, com um fluxo intenso de turismo, serviços e deslocamentos diários.

Segundo Jorge Bastos, presidente da Infra S.A., a viabilidade desse trecho será determinante para a expansão futura da malha. Caso os indicadores se confirmem positivos, a linha poderá ser estendida até Maceió (AL) e Natal (RN), criando um eixo ferroviário inédito na região — e que pode revolucionar o turismo nordestino.

Impacto para viajantes e integração regional

A possibilidade de visitar várias capitais utilizando um trem moderno, confortável e barato desperta a atenção tanto de turistas brasileiros quanto estrangeiros. O Nordeste, reconhecido internacionalmente por sua cultura, gastronomia e diversidade natural, poderia se beneficiar de um fluxo mais sustentável e acessível.

Essa abordagem está alinhada às diretrizes de mobilidade e turismo sustentável defendidas pelo Ministério do Turismo, órgão que mantém estudos e relatórios sobre transporte e desenvolvimento regional. Para saber mais sobre iniciativas oficiais relacionadas ao turismo no país, consulte o portal do governo:
? https://www.gov.br/turismo

Trens no Brasil e turismo — uma combinação que volta a ganhar força

A reativação e a modernização de rotas ferroviárias no país influenciam diretamente o setor de turismo. Ao contrário de outros modais, o trem permite que o viajante acompanhe paisagens de forma imersiva, conecte-se com comunidades locais e tenha uma experiência muito mais sensorial da viagem.

Quem deseja explorar destinos brasileiros por via terrestre encontra boas inspirações em portais especializados. Um deles é o Visite o Brasil, que reúne informações sobre diferentes regiões turísticas do país, incluindo cidades cortadas por ferrovias. Um exemplo útil é a página sobre o turismo no Pará, que ajuda o viajante a planejar visitas combinando natureza, cultura e transporte:
? https://visiteobrasil.com.br/norte/para

A ampliação das linhas Carajás, Vitória-Minas e o projeto do Nordeste reforçam a tendência de que o país volte, gradualmente, a valorizar sua malha ferroviária, tanto como meio de transporte quanto como experiência cultural.

Conclusão

Os avanços recentes mostram que os Trens no Brasil estão longe de serem apenas um símbolo do passado. Eles se tornam, novamente, parte do futuro da mobilidade e do turismo nacional. Com novos horários, projetos de expansão, modernização e estudos que visam conectar capitais nordestinas, o país se prepara para uma fase mais estruturada, sustentável e integrada.

Em um momento em que o turismo vive transformação, a ferrovia ressurge como um caminho viável, charmoso e eficiente — um convite para redescobrir o Brasil ao ritmo dos trilhos.