Documento apresentado na Fishing Show 2025 revela o potencial de um setor que movimenta 9 milhões de pescadores e gera mais de 200 mil empregos
São Paulo (SP) – Em um marco histórico para o setor pesqueiro nacional, o Ministério do Turismo lançou, durante a Fishing Show 2025 — uma das maiores feiras do setor na América Latina —, o primeiro Boletim do Turismo de Pesca no Brasil. O documento inédito detalha o panorama atual dessa atividade econômica e social de grande relevância, revelando um segmento que movimenta cerca de 9 milhões de praticantes e é responsável pela geração de mais de 200 mil empregos diretos e indiretos em todo o país.
O boletim foi apresentado oficialmente pelo ministro do Turismo, em cerimônia realizada no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, diante de autoridades, empresários, pesquisadores e representantes de comunidades ribeirinhas e de turismo ecológico. O levantamento, fruto de um esforço conjunto entre o Ministério do Turismo, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e entidades do setor pesqueiro, tem como objetivo oferecer uma base de dados sólida para o desenvolvimento de políticas públicas e privadas voltadas ao crescimento sustentável dessa modalidade de turismo.
Potencial econômico e social
Segundo o documento, o turismo de pesca no Brasil movimenta anualmente bilhões de reais, impulsionando setores como hospedagem, alimentação, transporte, comércio de equipamentos e serviços especializados. A cadeia produtiva se estende ainda às comunidades locais, especialmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul, onde a atividade tem forte presença e impacto direto no desenvolvimento socioeconômico.
“O turismo de pesca representa uma grande oportunidade de desenvolvimento sustentável, combinando a geração de renda com a preservação ambiental e a valorização das culturas tradicionais. Com este boletim, damos um passo importante na construção de políticas públicas mais assertivas e inclusivas”, destacou o ministro durante o evento.
Perfil do pescador-turista
O boletim traça também o perfil do chamado “pescador-turista“: em sua maioria homens, entre 30 e 55 anos, com escolaridade média e renda familiar acima de três salários mínimos. No entanto, o documento aponta uma crescente participação feminina e jovem, o que revela uma diversificação do público e um potencial de expansão ainda maior.
Boa parte desses turistas prefere destinos próximos a rios, lagos e represas em regiões naturais, com destaque para o Pantanal (MS e MT), a Amazônia, a Bacia do São Francisco (BA, MG, PE, SE) e os rios do interior do Paraná e de Santa Catarina. A pesca esportiva, praticada com a filosofia do “pesque e solte”, é a vertente mais comum e cresce anualmente a taxas consistentes.
Sustentabilidade em foco
Um dos pontos mais enfatizados no boletim é a necessidade de equilibrar o crescimento do setor com práticas sustentáveis. O documento apresenta recomendações para evitar a sobrepesca, combater o turismo predatório e promover a educação ambiental entre operadores turísticos e pescadores.
“Para garantir o futuro do turismo de pesca, é fundamental investir em ações que promovam o uso responsável dos recursos naturais. Esse boletim também serve como guia para estimular boas práticas e conscientizar todos os envolvidos”, explicou a coordenadora de Ecoturismo do Ministério.
Apoio a comunidades tradicionais
O boletim destaca ainda a importância das comunidades tradicionais e indígenas na conservação dos ambientes aquáticos e na oferta de experiências autênticas para os turistas. Diversos projetos-piloto são citados como exemplos bem-sucedidos de turismo de base comunitária, onde moradores locais atuam como guias, condutores e anfitriões, promovendo a valorização cultural e o fortalecimento da economia local.
Próximos passos
Com base nos dados levantados, o Ministério do Turismo anunciou a criação de um Grupo de Trabalho Interministerial para formular diretrizes nacionais para o turismo de pesca, além de uma linha de crédito específica, voltada a empreendimentos que atuam no setor. Também foi sinalizada a intenção de promover o Brasil como destino internacional de pesca esportiva, especialmente para turistas da América do Norte e Europa.
O lançamento do boletim foi recebido com entusiasmo pelos participantes da Fishing Show 2025, que viram na iniciativa uma sinalização positiva de que o governo está atento ao potencial do setor.
“Esse documento era aguardado há anos. Agora, temos dados concretos para planejar investimentos e ampliar nosso alcance de forma estruturada”, comentou Luiz Henrique Amaral, empresário do ramo de turismo de pesca na região do Pantanal.
Conclusão
O boletim inédito do Ministério do Turismo marca um divisor de águas para o turismo de pesca no Brasil. Com dados atualizados, metas claras e foco em sustentabilidade, o setor ganha visibilidade e respaldo institucional para crescer de forma planejada e inclusiva. A expectativa é de que, com o apoio governamental e o engajamento dos diversos atores envolvidos, o Brasil se consolide como uma das maiores potências mundiais nesse segmento nos próximos anos.