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O Abrasileiramento de Brasília

Abrasileiramento de Brasília - Foto: Adetur-DF
Abrasileiramento de Brasília - Foto: Adetur-DF

Além do crescente número de sem-tetos, gangues de delinqüentes e mendigos pelas ruas de Brasília, presença impensável para os idealizadores da cidade, o espaço urbano começou a ser transformado pelos próprios primeiros moradores do Plano Piloto, num processo que Holston chamou de familiarização ou abrasileiramento do Plano Piloto. De certa forma traumatizados e desorientados pela ausência de referenciais urbanos vernáculos, a população inicial gradativamente adaptou o espaço - o que continua até os dias de hoje - de modo a contradizer muitas das suas premissas iniciais, o que acabou por confirmar e até exacerbar o que o projeto original pretendia evitar.

Considerando que o plano urbano e em parte a própria arquitetura de Brasília, tão inovadores, não tinham raízes na tradição brasileira, se tornou difícil para muitos dos primeiros brasilienses aceitar a anulação de padrões tradicionais na organização urbana proposta por Costa e Niemeyer. A uniformização das residências foi vista como um emblema de anonimato, frieza afetiva e impessoalidade, e as fachadas devassadas por grandes aberturas envidraçadas produziam uma sensação de falta de privacidade, logo cobertas por pesadas cortinas, painéis e vedações, reconstituindo a impressão de paredes sólidas.

Além disso, a distribuição de peças nos apartamentos impedia a estratificação usual do espaço doméstico, tensionando a convivência de proprietários e empregados, com prejuízo maior para estes últimos. As áreas verdes nas superquadras, programadas para propiciarem uma confraternização igualitária entre as classes sociais, se revelaram pouco interessantes pelos moradores para seus fins ideais, e os blocos comerciais pareciam pouco convidativos para os hábitos de comércio familiar em mercados de rua.

As grandes distâncias em Brasília, com amplos espaços abertos e longas avenidas que se destinam principalmente ao tráfego de veículos e não à circulação de pedestres, e a compartimentalização das habitações nas superquadras, também prejudicaram uma integração espontânea entre os habitantes, que passavam a depender do automóvel para praticamente todos os deslocamentos. Entre muitos da elite econômica e política, que dispunham de recursos, o conceito de superquadra foi rejeitado in totum, e abandonaram o Plano Piloto para formar bairros independentes nas redondezas, especialmente na área fronteiriça ao Lago Paranoá, com uma urbanização e esquemas edilícios mais tradicionais e com um acesso restrito apenas aos seus membros. Desta forma, várias convenções sociais e práticas familiares tradicionais encontraram meios de reafirmação, subvertendo parte das propostas do Plano Piloto.

Fonte: Wikipédia

Abrasileiramento de Brasília - Foto: Adetur-DF
Abrasileiramento de Brasília - Foto: Adetur-DF
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